sexta-feira, 21 de novembro de 2008

À você

Ilustre pessoa que meu lado profano tanto adora... Ilustre ser pelo qual meu corpo anseia e no qual ele se perde... Hoje pensei em você.
Não como das outras vezes. Não com pensamentos insanos... Nada proibido.
Pensei naquilo que realmente é e no que causa em mim.
Há quase dois anos eu tento lutar contra mim mesma... Tento negar minha natureza... Retiro da mesma situação que repetidas vezes me tira o sono, diferentes conclusões a cada vez que me deparo com a tua sombra... A cada vez que te encontro.
Mas a verdade é que sou passional a ponto de ruir meu mundo a cada vez que acontece.
Primeiro o desejo, a auforia, a alegria, a intensidade e, logo depois, o arrependimento, a repulsa e uma infinidade de sentimentos que fazem com que eu me intitule uma pessoa ruim.
Só que eu não sou.
Eu sou a mesma pessoa de sempre... Aquela que se entrega demais, se doa demais sem pedir nada em troca, sequer um pouco de respeito.
Alguém que não sabe esconder sentimentos e que vive das migalhas que você deixa pelo chão.
Eu não sei te dizer não. Eu não consigo te negar.
Sou fraca a ponto de ficar rezando para que você desapareça, para que Deus me livre da tentação, enquanto bem sei que te negar deveria depender somente de mim.
O que, afinal, você pretende?
Não acredito que pretenda uma vida assim.
O que quer de mim? Custa-me acreditar no que parece tão claro, mas eu sei que deveria.
Só queria ter coragem de te pedir (e como não tenho, escrevo) que por favor me deixe em paz.
Se teus pensamentos não me incluem e na tua vida não há espaço para mim, por favor, me deixe em paz.
Infelizmente eu tenho o costume idiota de colocar sentimento nas coisas...
Eu nunca brinquei contigo. Eu não brinco com as pessoas, embora as pessoas costumem fazer isso comigo.
Entenda que você estraga a minha vida a cada vez que aparece com propostas que me fazem te querer enquanto me concede apenas um pedaço mínimo e por tempo determinado.
Eu não posso mais viver assim. Eu quero e mereço ser feliz e isso nunca acontecerá com teu fantasma rondando a minha cama.
Passei dias te enchergando quando olhava no espelho e pensava que teria me transformado em ti... Hoje vejo que não. Eu nunca serei assim.
Amor é desejo, fogo, paixão, carinho, lealdade, amizade e respeito. Não é amor se faltar qualquer destes itens. Não é um amor completo... Não passa de um "meio amor".
O amor é algo que não permite desejos ocultos. Não se pode amar de verdade alguém e ter quem bem entender ao mesmo tempo.
É uma fuga e é injusto.
É um jogo em que todos perdem.
O amor que trai não é amor.
Analise isso! Analise-se!
Chega de iludir as pessoas com promessas incompletas, pois o amor que não se contenta em amar a um só nada mais é que um "quase amor"... E um sentimento tão puro só sobrevive se for completo.
Acha justo receber amor sem oferecê-lo? Acha justo consigo mesmo não se permitir sentí-lo? E não adianta. Nós dois sabemos que existe um problema.
Não faça com que o outro entregue a vida à você, se não é capaz de dar-lhe um sentimento completo. É injusto e todos sofrem.
Tudo bem, nada sei dos teus sentimentos. Talvez esteja tremendamente enganada e você seja um ser onipotente que consegue conciliar tudo... Mas até quando vai conseguir viver sem plenitude?
Não posso viver de farsas e esperanças de reciprocidade. Há quase dois anos eu tento (em vão) te mostrar quem sou por trás de tudo isso e te fazer entender. Tento tanto e acabei esquecendo da plenitude. Acabei por esquecer do amor que eu mereço.
Ainda que um dia tu viesses a me amar, o que tenho plena consciência que jamais acontecerá, esse amor não seria pleno, pois você só sabe oferecer amor aos pedaços.
Não sei o que te fez assim, mas sinto muito que tenha acontecido.
Você realmente merece ser feliz como qualquer pessoa e é isso que eu te desejo.
Talvez isso tudo pareça uma grande besteira, mas um dia você vai parar para pensar. Só espero que não seja tarde demais.
Quanto a mim, aquela que sempre doou e nada recebeu. Que te encheu de carinhos e só recebeu frieza... Seguirei meu caminho e tentar esquecer todo esse tempo de encontros furtivos em que te tiro o fôlego enquanto me tiras a decência, o amor próprio, a sanidade e a capacidade de sonhar.
Some da minha vida, pelo amor de Deus!
Me permita sentir a felicidade que não podes oferecer a ninguém.
Eu preciso ser feliz e não quero mais errar.
Não quero estragar minha vida por alguém para o qual não significo absolutamente nada.
Não quero mais ficar esperando demonstrações de afeto de alguém que é incapaz de um sentimento inteiro.
Eu sempre quis te explicar exatamente isso, embora nunca consiga. Sempre quis apenas te dizer que eu não sou vazia como você e que coloco sentimento no que temos desde a primeira vez.
Sempre quis te dizer e nunca tive coragem mas, no fundo, sei que você sempre soube.
Sei que me usa, magoa, machuca, tendo plena consciência do que que faz. Abusa de mim porque no fundo você sabe que eu cometo o erro estúpido de colocar sentimento no que era para ser brincadeira.
Quanto a mim, portanto, te peço que não me atormente mais.
Suma da minha vida! Eu preciso recomeçar de uma maneira inteligente.
Desapareça, por favor! Leva contigo as lembraças das muitas noites que passamos juntos para que eu consiga te esquecer por completo.
Espero, do fundo do coração, que analise a vida que leva e passe a buscar a plenitude do amor, algo que você até conhece, mas que não vive.
Sempre torci por ti, mais do que deveria, e continuarei torcendo.
Mas desta vez, farei isso de longe, muito longe.
Farei isso a uma distância que não me cause estragos. A uma distância que não me seja letal.

Com carinho, com raiva e, por vezes, com paixão,

K.

POA, 07/09/2008

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