sábado, 11 de outubro de 2008

Um sonho com cheiro de mar e um sabor adocicado. Nele habita um ser desconhecido em seu íntimo, mas cujas intimidades muito me agradam, embora as particularidades ainda sejam uma incógnita para mim.
Habita em meu sonho um ser inatingível. Impossível de se amar, impossível amar alguém além das muitas liberdades, mas por este motivo jamais lhe culparia, pois tirando-lhe a impressão de ser vento talvez não restasse o enigma que tanto me atrai.
Sonho sem nunca ter tido... Sonho sem esperanças... Sonho com o desconhecido que me conhece pelo cheiro, pelo tato, pela voz e não pelos pensamentos.
Sonho bom que começou na metade, pulando toda a introdução básica dos romances literários, tendo começado no meio e ali permanecido sem desenrolar para lado algum...
Sem final feliz, sem desfechos trágicos... Sonho que é a eterna explicação, o eterno talvez.
Sonho saudades latentes e talvez não recíprocas que não chegam a doer, já que até os corações acostumam-se à serenidade, à indiferença, à dúvida, à loucura, à insensatez...
E como em sonhos tudo é permitido, a mim permito sentir esse gosto de doce, este cheiro de mar, a cada vez que fecho os olhos.
Sonho guardado e vivido esporadicamente... Sonho sem certeza de nada... Sem esperar por nada... Sem amor, sem a total entrega... Lutando por não transformar sonho em paixão.
Gosto de doce, cheiro de mar, ponto de luz da candeia acesa... Gosto de vinho, cheiro de paz... Inebriando, transparecendo, satisfazendo, sumindo no ar...
Gosto de doce, cheiro de mel...
Habita meus sonhos e me conquista lentamente, a cada noite em que me encontra em meio ao meu sono cansado, fazendo das noites delicadas aventuras, sem volúpia, sem luxúria, apenas o afago que acalma, que enobrece e depois entristece...
Aquele cheiro de mar, o gosto doce... meu ponto de luz da candeia acesa...
O gosto de vinho... Meu cheiro de paz...
Inebriando, alegrando, iluminando e sumindo no ar...

Mariluz, 15 de outubro de 2007.

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